sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O AVESSO DO SONETO

 #Luciana Carrero
  
- Volta! Ainda tens muito a perder por lá!
Não tenho mais nada a fazer na Terra!
Viver ódio por amor, paz por guerra?

Me deixa, por favor, ficar por cá!
- Lá não me ajusto e tudo me desterra!
Vive impaciente a minha alma e erra

- Volve correndo e salva a tua pele
Visto que agora aqui não há lugar
- Volta bem antes que o teu corpo gele!
Forças estranhas vieram me afrontar

Mergulhar  no universo e ir bem fundo
Largar vida com todas as amarras!
Atravessar túnel, sumir do mundo
- Um dia resolvera forçar barras –

2 Comentários:

Às 7 de dezembro de 2013 às 18:02 , Blogger Joaquim Moncks disse...

Muito bem construído este "soneto de estrofes invertidas" ou soneto formalmente ao avesso... Não me apraz muito o final da peça poética, porque não atingiu o "fecho de ouro", como é de se esperar inerente ao SONETO como peça clássica. Acresça-se que a codificação verbal é rarefeita, mas há ritmicidade e bom conteúdo na cursividade rítmica, fugindo ao curial lirismo amoroso, uma das mais expressivas características da sonetística. Lembra, formando um aforismo de sentencialidade e conteúdo ético-moral, os poetas da Europa Central, nos séc. XIX e início do XX... O espectro vocabular dialoga com o autor, obrigando-o a explicitar situações, fatos e ações... São vozes nascidas do reverberar da criticidade personal... Aliás, a morte tem sido um elemento aterrador para todo o vivente que consegue ver a vida como um elemento temporal passadiço... Parabéns, amiga Luciana!

 
Às 9 de dezembro de 2013 às 11:31 , Blogger Jornal Cultura Literária disse...

Obrigada pelo Feedback. Eu não poderia espelhar melhor de ti, pois já me deste a melhor apreciação. Sei que é verdadeira e que, apesar de sermos irmãos nas lides literárias, o fizeste com isenção, em nome da tua missão crítica, do teu compromisso com a arte poética. Até acho que foste um pouquinho condescendente, mercê da fineza com que abordas, mas isto, é claro, faz parte da ideia construtiva da tua atuação em apreciar. Este "reverberar", que tão bem enxergaste, faz parte da minha angústia no poetar, que me leva a uma relação escandalosamente promíscua com o poema e, pior, querendo trazer o interlocutor para fazer parte, simbolicamente, de uma a "mènage a trois". Te enviei uma resposta diretamente à tua Caixa Postal. Mas, esta, não vou publicar. Por que? - Porque não sei se estou preparada para aparecer em tão adiantado estado de loucura na minha produção literária, diante dos meus leitores. Abraços Poéticos, Lítero-Artísticos e Culturais.

 

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