#Elogio da Loucura do Poema - III - Repercussão
#Luciana
Carrero
A
pedido de #Aldemira da Costa Aguiar, realizei uma pequena análise de parte de
sua obra publicada aqui no Recanto das Letras, que pode servir também de
subsídio a outros autores, principalmente aos iniciantes, aos quais não tenho a
pretensão de ensinar, mas de aprender, também, com eles.
Prezada
poetisa, o modo como apresenta seus trabalhos é de uma grande praticidade de
comunicação. Chega ao extremo do didatismo. Há consumidores para este estilo,
não nego, mas são pessoas do vulgo, que não olham a criação como primordial, no
poema. Cada autor deve ter suas razões para escolher seus caminhos. Porém,
seguindo a sua linha, considero que, quando ganha pela comunicação, pode perder
pela qualidade poética. O quanto isto é bom ou mau para você, é você quem deve decidir.
A poesia é estranhamento, alumbramento, é ato de instigar. Deve dar asas à
imaginação, ao fantástico, ao transcendente, à criatividade, a uma visão
especial e única de vida e de situações. A arte é marginal. O poeta é marginal
do pensamento. Leia meu novo texto no Recanto das Letras "Elogio da
Loucura do Poema II" - Repercussão. O poeta e a arte serem marginais, de
que falo, não quer dizer no sentido de bandidos ou desajustados, mas no ato de
serem independentes. Quem marcha como soldadinho comportado, ou que escreve por
encomenda de editoras, jamais pode criar algum tipo de arte. Quem usa do lugar
comum para expressar-se, vai ter de se ressentir da própria falta de
identificação com a arte que considera cultivar. Ao mesmo tempo em que seguir
uma linha de modismo é ceder a uma ditadura da sociedade. Eu não escrevo para
agradar ou desagradar, mas como compromisso com a minha arte, tanto na poesia
como na prosa de ficção. Nem mesmo nos textos técnicos eu cedo a verdades
discutíveis. Tenho minha própria ambiência, forte, decidida, personal. O quanto
batalhei contra a minha própria censura ao que escrevia, foi o que trouxe-me
aos conceitos e formas de expressão que me são peculiares. Não sou melhor do
que ninguém. Mas também não sou melhor do que a arte para censurá-la. Por isso
não serei o primeiro e nem o último censor do que faço. Nem do que você faz.
Mas já que pediu minha crítica, a formulei mais para que confronte sua visão
com a minha e fique no seu termo, ou até em outro melhor que o meu e o seu. É o
que se espera da confraternidade tão defendida pelo valoroso crítico Joaquim
Moncks, que também está no Recanto das Letras e que merece ser lido por você,
principalmente nos textos de teoria literária, já que vejo-a sentir a
necessidade de aprimorar-se. Nos poemas dele, nem tanto, pois são de um
universo aprimoradíssimo que pode confundir quem está procurando um caminho e
ainda não está preparado para maiores voos, dado ao seu esmerado
construtivismo. Mas pode arriscar, se quiser cortar caminhos ou simplesmente
apreciar-lhe em sua obra poética. Aconselho-a a ler, no sentido de aprendizado,
algo mais acessível, como de Paulo Leminsky, Luiz de Miranda, Mário Quintana,
Manoel de Barros, onde poderá encontrar subsídios de entendimento para o
universo da poesia. Leia também os clássicos. E de tudo tirará seu caldo,
exercitando sua própria alquimia. Meu livro de cabeceira é "Os
Lusíadas", de Camões. Já li e leio 458 mil vezes. Não me dá sustentação na
minha pintura, mas é o alicerce do meu prédio. Minhas críticas são sempre de má
vontade, quando no varejo, isto é individualmente, como aqui, a seu pedido,
pois prefiro trabalhar no atacado, criticando tendências e não personalidades.
Mas tive uma recaída, na boa vontade de responder a você. Obrigada por
instigar-me. Assim criei mais este texto, que valeu para mim mesma tanto quanto
valerá para outras pessoas
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