#A Arte é um dom divino que cura
#Luciana Carrero*
Numa entrevista, após um regime alimentar inadequado, padre Marcelo revelou ter perdido 40 quilos.
Parece que, por isso, sofrera depressão. Mas a questão é mais funda, penso.
Imagino que, de tanto doar-se, sucumbiu exausto, e que o tal regime já era o início
da depressão. Então aquele padre que orava com as multidões e voava nas asas da
mídia, teve de pedir um refresco: "Orem por mim". Na matéria
divulgada, afirmou que antes considerava a depressão uma frescura. Mas pôde
entender, quando a depressão veio para ele, que é uma doença, e disse: "É
o que você tem o dia inteiro, uma sensação não boa". E concluiu: O que me
salvou foi escrever. "O que me salvou foi cantar. O que me salvou foi a
oração”. Sábio, ou pelo menos oportuno este reencontro do artista-evangelista,
ídolo de massas com o Divino. Saiu assim da obsessão para a realidade humana;
de que é humano; de que não poderia esquecer-se de si próprio, tomando para si
o exagerado sacrifício de carregar a massa de gente que lhe sugou todas as
forças, sem dó nem piedade. Este parece ser o rumo do mundo; aproveitar-se dos
seus benfeitores, até reduzi-los a trapos. A Arte é um dom divino que cura, mas
precisa ser sorvida e não esquecida a um canto enquanto vai-se salvar uma turba
que talvez nem esteja preparada para ser salva, e que, ao afogar-se, se pendura
em sua “batina” de boa vontade, e leva o apóstolo salva-vidas para o fundo da
miséria humana. Não sou católica, nem cristã, no sentido que preconiza a
igreja, sendo o meu Cristo as minhas boas atitudes e o meu amor. Mas admiro a
doutrina do Mestre Jesus, a sigo no que é possível. Respeito os bons pastores,
como Marcelo Rossi e o papa argentino, mais dignos da condição humana do que é
a constituição duvidosa da multinacional romana, duo-milenar a que pertencem. E
por que? Por que são humanos acima da egrégora, que anda mais na política
episcopal do que na missão de religar o homem a Deus, sendo que esta palavra
“religar” é o que significa religião. Certamente o papa e o padre Marcelo
sozinhos ou secundados por outros tão poucos, não conseguirão abraçar o mundo
com as pernas. E poderão até viver em eterna depressão neste mundo iconoclasta,
ateu e atoa, mas principalmente sem noção, que Cristo já definiu na afirmativa:
“Pai, perdoa! eles não sabem o que fazem". A estes discípulos do Cristo
posso dizer: nunca abandonem suas "ovelhas", mas respaldem-se nas
Artes, a leitura, a música, o canto, a poesia, que são alimentos da alma. Como
escritora, estou atenta a tudo e faço a minha parte, cultivando a arte, mas
nunca serei estivadora a coquear sacos de misérias humanas, comprometendo a
minha própria saúde.
*Filósofa independente,
escritora e produtora cultural – Reg. 3523 LIC/SEDAC/RS
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