OS NET...RÔNIMOS DE FERNANDO PESSOA
Luciana Carrero
A Rede Web é o maior repositório de asneiras que já surgiu
na face da terra. Qualquer um chega com seu carrinho de lixo e despeja no meio
da praça da comunicação. A invasão da ignorância se impõe avassaladora e acintosamente,
no cenário. A inclusão digital propiciou a entrada de uma massa incontida, um
exército dos sem noção; que chega como manada sub-humana e manifesta-se
com uma propriedade pseudo-intelectual que assusta. E os ignaros vão copiando e
colando, assimilando mentiras e engodos como verdades filosóficas universais. Esta
ferramenta, a Internet, não poderia ter sido colocada à disposição dos néscios,
obtusos, que a estão invadindo e dominando. Para a infelicidade da arte, da
política, da justiça, da democracia, de tudo, para ser mais precisa, a ignorância é a bola da vez. Esta
quantidade, enxurrada de postagens inúteis nas redes sociais, nos blog,
projeta-se nas pesquisas do Google, que a tudo dá cobertura, indistintamente.
Não há uma censura nem pode haver, nas artes e nas comunicações. Nós, que
estamos na Rede e gravitamos neste meio, temos que nos auto-defender, já que
não é do nosso ofício policiar as manifestações.
Surge, agora, um contingente rude e inculto e joga na cara do
Brasil toda a ignorância do povo brasileiro. E temos que aturar?
Pessoas embriagadas de sentires obscuros estão postando longas
catarses, extensas linguiças escritas e atribuindo a Fernando Pessoa, a
Vinicius de Moraes e a outros. Que estranho prazer sentem os que semeiam estas
loucuras? Os incautos leem e curtem. E a obra esquisita é incorporada ao
patrimônio das Letras, usando os nomes dos grandes poetas. Os pseudo-poemas
dóem na alma, estremeço e arrepio-me, como ser vivo consciente, e nossos
honrados literatos estremecem nas tumbas. Estou na vigilância!