domingo, 30 de março de 2014

#31 de Março, 50 Anos do Golpe que supostamente levou Helleny

#Luciana Carrero

Não foi por acaso que escolhi Helleny Telles Guariba para apresentar como suposta vítima da ditadura, em destaque, no meu perfil do Facebook. Foi por esta valorosa mulher ter escolhido o teatro como uma de suas armas contra a ditadura militar de 1964. Assim, ela combateu no mundo das ideias, com a sua arte , mas também foi guerrilheira armada. Se ficasse só no teatro, talvez não fizesse muita diferença. Poderia ter sido eliminada, da mesma forma, já que dizem que era costume torturar artistas. Poderia, no entanto, estar viva, como permaneceram o Chico Buarque e tantos outros. Enfim, pelo sim, pelo não, "foi desaparecida", e os depoimentos que existem contam da sua luta e deste desaparecimento, sob o suposto comando do governo militar, que atrasou 20 anos da democracia brasileira. Choro por todos que ideologicamente, na cultura ou com grupos armados deram suas vidas pelo Brasil. Foram, segundo a imprensa e amigos, presos, torturados e não tiveram, dentro do seu próprio país, o direito a um julgamento, visto que o período foi, também dizem, da maior violação aos direitos humanos que se viu neste país. Ao serem presos foram sumariamente eliminados, covardemente. Não sei qual das duas armas é a mais letal, a arte ou um fuzil. Mas sei que não são as armas militares as melhores que podemos usar contra ditaduras, porque elas estarão sempre armadas até os dentes, para eliminar os opositores. A nossa arma deve ser, sempre e cada vez mais, a formação cultural, a responsabilidade e a construção de uma nação justa, através de uma democracia responsável, do poder do voto, melhor antídoto para eliminar ações nefastas de poderes armados. Quanto mais a sociedade armar greves, badernas, revoltas e destruição, bem como ataques ao governo, dentro ou fora da Internet, mais espaço abrirá para o oportunismo desta espécie de fascismo que muitos desavisados e desinformados pedem. Helleny, minha irmã de arte! Igual a você, luto na trincheira da cultura, e foi o que fiz, à época do golpe, com a minha poesia de protesto, com menor notoriedade que você, pois num âmbito mais regional. E, se for obrigada a combater novamente - até já estou sendo - uso a minha pena, de modo preventivo e intensificarei, na medida do possível. Diferente de você, não uso armas letais. Poderei morrer, da mesma forma que você morreu, se os acontecimentos me levarem ao embate, mas poderei ficar viva, por muito tempo, como ficou o Chico e continuar fazendo a minha parte por um país melhor.

No Facebook: As infelizes postagens das Brigadas Derrotistas

#Luciana Carrero*

Recebo aqui (no Facebook) postagens absurdas. São criadas por indivíduos anônimos, que as passam para a Rede, numa incontida falta de bom senso. E as pessoas sofridas, já com o pensamento embotado pela particular desgraça de suas vidas, usam estas infelizes citações para agredir os seus semelhantes, talvez até sem perceberem o mal que semeiam, ao alastrar essa praga gráfica. Outras as passam por absoluta falta de personalidade ou para serem engraçadinhas e espirituosas. Pergunto: Espirituosas com o que? já que, na desmedida ânsia de copiar e colar, não têm mais pensamento próprio para expressar, assimilando as asneiras que o mal semeia. Joshua Ben Pandira, uma das maiores inteligências voltadas para a fraternidade humana, ensinou, um dia, há um pouco mais de 2.000 anos, lições de amor, verdade e justiça. E amaldiçoados seres humanos jogaram, disputando com moedas sobre seu manto ensanguentado, e devolveram o Mestre ao Pai, estaqueado numa cruz. E ele dizia que era preciso exterminar as ervas daninhas. As ervas daninhas, então, pensaram eliminá-lo, mas não conseguiram, porque seu espírito sobre-existe vitorioso no universo. As atuais postagens, que chamam de "fotografia", e que atingem a humanidade com pensamentos odiosos e destruidores, devem ser eliminadas, como as citadas ervas, sem dó nem piedade, para limpar o mundo da sua nefasta influência. Não podemos fazer com os nossos semelhantes o que soldados embriagados e corruptos fizeram com o Mestre, ou seja, jogar uma sorte imunda sobre a humanidade, instigando, assim, violência, incompreensão, intolerância e desamor. Alguém posta: "Quanto mais conheço os humanos, mais amo os cachorros". E segue postando outras de desespero, como: "O amor é como ônibus. O dos outros chega sempre primeiro". Está, com estas impropriedades, baratas e irresponsáveis, mergulhando num poço de depressão e, cada vez mais, se afastando da humanidade. Na verdade, está pedindo socorro. Já pensaram em ser o primeiro amor chegando para os outros? Pessoas que não acreditam nos seres da sua raça, os humanos, e os atacam, raramente vão encontrar um amor verdadeiro. Imagino que, em princípio, desamam a si próprios. Com postagens dessas que abordo aqui, hoje, o que poderia querer, o seu autor ou compartilhador, além de fustigar-se a si próprio, mais do que o desprezo e a indiferença dos outros humanos? Falar que amor é que nem ônibus e tantas outras frases equivocadas, é simplificar seu pensamento, fugindo a um argumento palpável. É minimizar os sentimentos, reduzindo-os a frases jocosas ou de efeito. O amor vem a quem está preparado para recebê-lo. Para a questão do ônibus, a solução seria simples, bastando saber os horários e não ir uma hora antes para a parada. Verão que seu ônibus virá antes que o de muitos outros. Já no amor, que não é ônibus, amar em primeiro lugar, para depois ser amado, é a lei da vida. Amar não é tirar proveito. É responsabilidade. Não tem horário. Amar sempre, como condição para receber o amor sempre. (O original deste texto foi publicado no Facebook da autora)
* Filósofa independente, escritora, produtora cultural, reg. 3523, LIC/SEDAC/RS

(Do livro em preparo: Conhecimento, a ato-ajuda dos humanos)