domingo, 27 de abril de 2014

#Elogio da Loucura do Poema - III - Repercussão

#Luciana Carrero

A pedido de #Aldemira da Costa Aguiar, realizei uma pequena análise de parte de sua obra publicada aqui no Recanto das Letras, que pode servir também de subsídio a outros autores, principalmente aos iniciantes, aos quais não tenho a pretensão de ensinar, mas de aprender, também, com eles.


Prezada poetisa, o modo como apresenta seus trabalhos é de uma grande praticidade de comunicação. Chega ao extremo do didatismo. Há consumidores para este estilo, não nego, mas são pessoas do vulgo, que não olham a criação como primordial, no poema. Cada autor deve ter suas razões para escolher seus caminhos. Porém, seguindo a sua linha, considero que, quando ganha pela comunicação, pode perder pela qualidade poética. O quanto isto é bom ou mau para você, é você quem deve decidir. A poesia é estranhamento, alumbramento, é ato de instigar. Deve dar asas à imaginação, ao fantástico, ao transcendente, à criatividade, a uma visão especial e única de vida e de situações. A arte é marginal. O poeta é marginal do pensamento. Leia meu novo texto no Recanto das Letras "Elogio da Loucura do Poema II" - Repercussão. O poeta e a arte serem marginais, de que falo, não quer dizer no sentido de bandidos ou desajustados, mas no ato de serem independentes. Quem marcha como soldadinho comportado, ou que escreve por encomenda de editoras, jamais pode criar algum tipo de arte. Quem usa do lugar comum para expressar-se, vai ter de se ressentir da própria falta de identificação com a arte que considera cultivar. Ao mesmo tempo em que seguir uma linha de modismo é ceder a uma ditadura da sociedade. Eu não escrevo para agradar ou desagradar, mas como compromisso com a minha arte, tanto na poesia como na prosa de ficção. Nem mesmo nos textos técnicos eu cedo a verdades discutíveis. Tenho minha própria ambiência, forte, decidida, personal. O quanto batalhei contra a minha própria censura ao que escrevia, foi o que trouxe-me aos conceitos e formas de expressão que me são peculiares. Não sou melhor do que ninguém. Mas também não sou melhor do que a arte para censurá-la. Por isso não serei o primeiro e nem o último censor do que faço. Nem do que você faz. Mas já que pediu minha crítica, a formulei mais para que confronte sua visão com a minha e fique no seu termo, ou até em outro melhor que o meu e o seu. É o que se espera da confraternidade tão defendida pelo valoroso crítico Joaquim Moncks, que também está no Recanto das Letras e que merece ser lido por você, principalmente nos textos de teoria literária, já que vejo-a sentir a necessidade de aprimorar-se. Nos poemas dele, nem tanto, pois são de um universo aprimoradíssimo que pode confundir quem está procurando um caminho e ainda não está preparado para maiores voos, dado ao seu esmerado construtivismo. Mas pode arriscar, se quiser cortar caminhos ou simplesmente apreciar-lhe em sua obra poética. Aconselho-a a ler, no sentido de aprendizado, algo mais acessível, como de Paulo Leminsky, Luiz de Miranda, Mário Quintana, Manoel de Barros, onde poderá encontrar subsídios de entendimento para o universo da poesia. Leia também os clássicos. E de tudo tirará seu caldo, exercitando sua própria alquimia. Meu livro de cabeceira é "Os Lusíadas", de Camões. Já li e leio 458 mil vezes. Não me dá sustentação na minha pintura, mas é o alicerce do meu prédio. Minhas críticas são sempre de má vontade, quando no varejo, isto é individualmente, como aqui, a seu pedido, pois prefiro trabalhar no atacado, criticando tendências e não personalidades. Mas tive uma recaída, na boa vontade de responder a você. Obrigada por instigar-me. Assim criei mais este texto, que valeu para mim mesma tanto quanto valerá para outras pessoas

#Elogio da Loucura do Poema II - Repercussão

 Interlocução do renomado escritor riograndense #Joaquim Moncks:

Quanta franqueza e sinceridade, Luciana Carrero! Assusta-me um pouco a competitividade que dás ao produto de teus quefazeres literários... Não estarás caindo na vala comum da globalização? E onde fica a confraternidade que imagino deva ser a origem do poema, o convite ameno à concelebração? Ou ela é apenas o cerne da terapia psicológica, fruto do gozo e fruição da possessão de autoria? De qualquer modo, gosto deste tipo de desabafo, eivado de emoção, porque honesto e revelador... Porém, não fecho com este tipo de abordagem, porque excludente da figura do outro e, também, laudo confesso de laivos de profunda auto-estima quase psicótica. Enfim, está aí a tua declaração individual de propriedade. Abraços do poetinha JM. (Joaquim Monkcs)

Minha resposta ao escritor e crítico #Joaquim Moncks:   


#A POESIA É UM CAVALO INDOMÁVEL

Luciana Carrero

Já divulguei várias vezes a minha afirmação: "Não me julguem pelos meus poemas". E acrescento, agora: não me julguem pelo que escrevo, porque minha escrita é mediúnica do universo. Não confundir com psicografada, porque na psicografia não há criação e no que escrevo, há. Talvez muitos de nossos pares possam sentir-se condenados, como o nobre poetinha. Mas na verdade não os considero assim, porque não há nenhuma condenação, a não ser no sentido metafórico às avessas, do tipo condenação ao bem e ao diletantismo ou à confraternidade que é principal no seu conceito de lide poética. Condenada sinto-me eu, que escrevo pela boca dos desgraçados, dos loucos, dos degredados, termos que Chico usou na sua composição musical "Geni e o Zepelin". Nesta ele mostra a crueldade do mundo, que você colocou no bojo da "globalização", ou até como a própria, talvez em sua ansiedade de permanecer na confraternidade e não ofender a esta escriba. Eu não escrevo para agradar a alguém, como sempre digo. Produzo dentro de um campo magnético que contempla, ora o bem ora o mal e que Gravita num ponto insondável, para mim, entre ambos estes sentidos. Daí o plantel de interlocutores tira suas conclusões , tal qual você e as linka de volta, como gentil e preocupada necessidade de regular. Há quem faça do entendimento ou da sua percepção uma obrigatoriedade de definir e/ou conduzir, pelas linhas do seu maniqueísmo, para um dos lados (bem ou mal). Não se coaduna este ao que considero o verdadeiro sentido de escrever. Para mim não há regulagem possível nos caminhos da Poesia. Ela é paz, é guerra, é amor, é violência, é brado dos condenados, também. Toma da boca dos assassinos e de todos os desajustados para expor a sua sina cruel. A minha sina não chega às suas (dos marginais) desgraças, porém vai até á sua beirada e até ao seu meio, para conhecer, em profundo, aquilo que você vê e diz como "psicopatia". E lá vou buscar subsídios que precisam ser conhecidos ou entendidos mais profundamente pela sociedade, e para instigar o leitor. Não me é permitido, dentro da minha condenação, escolher sobre o que escrevo. Esta é minha missão dorida. O pensamento expressado neste texto ao qual você deu atenção especial (atingiu o seu objetivo escritural). não é necessariamente o meu pensamento, ao mesmo tempo em que pode ser, em maior ou menor grau, em algum ou em todos os momentos. É preciso que o bem entenda os meandros do mal e que o mal, por sua vez, entenda os do bem. Mas o que é bem para uns, quase sempre será e é, efetivamente, o mal de outros e este é o pano de fundo da Globalização, que você lucidamente percebeu. Mas globalização não se faz somente no âmbito deste novo conceito mundial. Não é fenômeno novo, porque, apesar da carência de meios de comunicação, a globalização sempre existiu, desde os primórdios do mundo e isto a própria história comprova. Joshua Bem Pandira, um nazareno que se tornou o Cristo, construiu as bases do maior fenômeno mercadológico que é a Igreja Romana, onde foi implantado um sino, o qual, na sua singeleza, chamou o mundo inteiro para aproximar-se de sua doutrina. E este continua batendo. Mas há novos sinos emulando este sino, que se dizem do bem e o do mal. E cada um tenta impor sua verdade de acordo com seu maniqueísmo premeditado. Isto nós podemos ver na atual política brasileira, onde se confundem de tal maneira que o povo já não sabe onde encontrá-los (o bem e o mal). Qual é o mal e qual é o bem? Certamente que ninguém nunca definirá, porque são relativos. Para concluir, dou minha declaração formal. Através do bem se chega ao mal e vice-versa. Onde ficamos, neste sentido? Onde a vida nos conduzir. Mas, se não pensamos como imaginam que devamos pensar, não seremos, por isso, emissários de qualquer dos lados. A Poesia, como todas as artes, é marginal. Se não o fosse não seria arte. Seria um cavalo domado pelo poder do mundo.