terça-feira, 10 de dezembro de 2013

INFÂMIAS DO POETAR ALUCINADO

              #Luciana Carrero

A Poesia me penetra e banha
em espermáticos rios
e meu útero se expande
na hora gorda do cio

O Poema viril, viril me ganha
num coito de desvario
rasgando as minhas entranhas
num coito de desvario
por fendas buracos poros
ávido e sedento me ataca
num coito de desvario

Num pesadelo me rasgam
Me sinto suando frio
Íncubus e Súcubus se atracam
com unhas fortes me lanham
Debato-me. Debater-me é festa
para esta máfia que me infesta
em motes gosmentos me assanha

O debater é armadilha
que lhes oferta o cenário
do tremer dos meus ovários
Antes que acorde, engravido
gesto, sinto dores, dou à luz
Acordo com o filho ao lado
é um pretinho assustado
com olhos de jabuticaba

Enrolo o menino em trapos
de rimas, métricas e fiapos
e a história ali se acaba
Pego o menino enjeitado
Saio na madrugada morta
deixando-o em alguma porta
para que seja adotado

POESIA NO ÔNIBUS

           
 Luciana Carrero

A Cultura Estatizada
mantém de Poesia ornada
janela do coletivo
e o poema é lenitivo
ao passageiro estressado
Na mensagem leva fé
mas enjeita ao poeta, o Estado
e sugere que ande a pé

Na tarde fria de Agosto
o vento batendo ao rosto
o versejador esfaimado
consome um pastel inflado
que tem  sabor duvidoso
ali na volta do Mercado
Mas no inspirado poetar
imagina que é recheado
e tem gosto de caviar