sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

COMENDADORA É DESTAQUE NO PLANETA DA POESIA

QUEM É SANTA INÈZE DA ROCHA?

Entrevista original concedida a # Luciana Carrero

Santa Inèze da Rocha é o nome literário da Professora              Santa Inèze Domingues da Rocha Neiva Soares, natural de Quaraí, RS;. casada em Portugal, através do Consulado do Brasil, com o professor Antonio Sampaio Neiva Soares, Presidente do Instituto Cultural Português, entidade literária localizada em Porto Alegre, RS. Formada em Letras (Português/Francês, na FIC, em Santa Maria. É Pós-Graduada, com Mestrado em Linguística Aplicada à Língua Portuguesa, pela PUC/RS. Exerceu o magistério em escolas particulares em Santa Maria, São Pedro do Sul e Uruguaiana, , todas no RS, no período de 1960 a 1965.   Exerceu o Ensino Superior: FAFIUR /PUCRS- Campus 2 –como Titular da Cadeira de Linguística, no Curso de Letras e Língua Portuguesa (em todos os outros cursos da FAFIUR). É Sócia Fundadora do Instituto Cultural Português (1979), onde exerceu os cargos de primeira Secretária, Presidente e Diretora Cultural, cargo que exerce atualmente. É Diretora do Grupo RS Letras,  4)      Ligação com o ICP
Desde sua fundação em 1979, sou sócia fundadora, fui sua primeira Secretária. Diretora Cultural e Presidente. É Diretora do Grupo RS Letras, jornal fundado em 1989. É titular da Cadeira 11 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul, tendo como patrona Andradina de Oliveira. Na Academia de Letras do Rio Grande do Sul, ocupa a Cadeira 5, cuja patrona é Lila Ripoll. Em nível internacional, pertence a AICL - Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia, Cadeira 14, Açores, Ilha de S.Miguel, Portugal. Pertence ao quadro de associadas da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, AJEB – Seção RS.   
Participou de várias obras coletivas (coletêneas de poesia): Cadernos Literários; Autores Gaúchos; Poesia Mulher; Presença Literária; UNI-VERSO: Antologias da ALMURS; PALAVRA; Antologia da Casa do Poeta Rio-Grandense; POESIA BRASIL do Congresso Nacional de Poesia, Trovadores Brasileiros (algumas) e muitas outras. Publicou o livros didáticos: Português para o Primeiro Ciclo/1977; Desempenho Linguístico de Alunos Recém-Matriculados no Segundo Grau/Dissertação de Mestrado/1979; Departamento de Assuntos Universitários, 10 Anos em Busca da Integração entre 1, 2 e 3 Graus, no Rio Grande do Sul/1972/1982. Em Literatura e História, editou: Enigma de Amor (Poesia)/2007; Açorianos – História e Legado/2008; Açorianos no Rio Grande do Sul – vol. 1/2002, vol. 2/2007) e 32012, (textos individuais e de recolha). Em crítica literária ou bibliográfica, editou: Dois ensaios: Lila Ripoll e Nilson Bertolini (dois poetas quaraienses)/2007; Releitura de Orfeu e a Flor de Ouro do Poeta de Betty Borges Fortes/2011 e Orfeu e Levantamento BioBibliográfico de Betty Borges Fortes/2007.
Santa Inèze recebeu,  de Portugal, a Comenda do Infante Dom Henrique , a qual ela considera a maior honraria que poderia ter recebido  em Portugal, em reconhecimento ao seu trabalho envolvendo a Literatura de Língua Portuguesa, em nível internacional e brasileiro. Esta constitui-se na mais alta condecoração deste país,  na área cultural.
Aqui no Rio Grande do Sul, recebeu homenagem significativa, nos 255 Anos do Povoamento Açoriano do Rio Grande do Sul, em General Câmara, em Placa de Bronze com seu nome no Monumento ao Açoriano, no Adro da Igreja de Santo Amaro do Sul, pelo seu trabalho realizado no Instituto Cultural Português.  
O Instituto Cultural Português recebeu da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul Diploma de Honra ao Mérito pela sua participação na Semana da Comunidade Luso-Brasileira , no 22 de Abril, em três anos consecutivos, recebidos lpelo seu Presidente, Antonio Soares, que esteve à frente desse trabalho desde 2007 até 2012.

PLANETA DA POESIA ENTREVISTA A POETISA E COMENDADORA SANTA INÈZE DA ROCHA
   
Planeta: - Qual o principal verbo em que conjuga sua vida? 
Santa: São três verbos: Trabalhar, Dedicar e Amar

Planeta:   Como faz a distribuição de seu papel no mundo?
Santa: Em três fases: 1/professora por vocação;  2/ profissional da educação; 3/  responsabilidade pessoal e profissional  assumida diante de duas comunidades:  Brasil/Portugal e  Rio Grande do Sul/Açores.

Planeta:   Como se movimenta dentro de múltiplas atividades?
Santa: Priorizando diariamente as ações a serem realizadas.

Planeta: três palavras mágicas.
Santa: Trabalho, Dedicação, Amor.

Planeta: Seu universo.
Santa:    Casamento, literatura, poesia, editora, social, crítica, mulher, responsabilidade,
Esses substantivos citados existem em minha vida, mas como decorrências do viver a dois e do viver como intelectual participante do mundo em que vivemos, ativamente, no trabalho, na sociedade e na condição de mulher.

Planeta: Quando começou a escrever poesia?
Santa: Quando jovem, não escrevi.  Gostava de escrever pensamentos, reflexões, textos filosóficos. No curso de Letras, escrevi alguns ensaios poéticos, em português e espanhol.  Como professora de Língua Portuguesa, gostava mais da prosa, precisava ensinar o aluno de qualquer idade a escrever, a expressar seu pensamento.
Creio que quando conheci o amor, na maturidade, comecei a sentir-me poeta. E como encontrei um poeta, aprimorei o poema. Mas os meus poemas não são para serem lidos em voz alta, declamados, mas para serem sentidos na individualidade do leitor.

Planeta:  O que pensa da quantidade em detrimento da qualidade em poetas brasileiros.
Santa: Creio que uma coisa é fazer versos, escrever em versos, outra é ser poeta. Para ser poeta deve haver a preocupação com a forma poética, com a escolha do vocábulo, com a poesia como mensagem conotativa, como uma expressão perene do pensar , não como deleite pessoal.  Ser poeta é uma responsabilidade. Há quem pense ao contrário, por desconhecer o “ofício”.

Planeta: Existe uma literatura, poesia genuinamente brasileira ou tudo é influência de Portugal?
Santa: Quando estudamos a Literatura Portuguesa e a Literatura Brasileira, sentimos que nossos primeiros poetas sofreram a influência da literatura em voga na sua época. Hoje temos duas línguas bem definidas, duas realidades completamente diferentes. Nossa poesia é sem dúvida genuinamente brasileira e a Literatura Portuguesa prossegue o seu curso normal de desenvolvimento entre os falantes do seu país. Cada Literatura prossegue normalmente em cada país. Quando não vivíamos a era da globalização, já vivíamos a influência  de cada língua nos diferentes países envolvidos na conquista do mundo, Espanha, Portugal, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Grécia, Egito e assim podemos prosseguir essa caminhada cultural pelos continentes.

Planeta: Cite 3 poetas brasileiros que poderiam ser vistos como ícones
Santa: Cecília Meirelles, Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto

Planeta: Sobre a popularidade destes.
Santa: Os citados não os considero populares. Se fosse levar em conta popularidade citaria outros, importantes também.

Planeta:  Cite 3 portugueses
Santa: Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio

Planeta: Dentro do contexto do ICP...
Santa: Joaquim Moncks, Antonio Soares, José Moreira da Silva

Planeta: Dentro do contexto de mundo inteiro...
Santa: Luiz de Camões, Homero e Virgílio

Planeta: De Portugal, a nível mundial...
Santa:  Luiz de Camões e Fernando Pessoa

Planeta: De Portugal, na Europa... 
Santa: Fernando Pessoa

Planeta: Africanos...
Santa: Maia Ferreira(1849), Geraldo Bessa Victor(1941), Agostinho Neto(1950), Viriato da Cruz (1961). Atualmente já esteve aqui em Porto Alegre o escritor africano Mia Couto, bastante divulgado em Portugal.
Planeta: Qual a literatura africana que o mundo conhece?
A Literatura Africana que se conhece é a Literatura Africana de Língua Portuguesa. Os países africanos colonizados por Portugal permaneceram com o Português como língua oficial do país, então sua Literatura será em língua portuguesa.

Planeta: Sobre a poesia pura....
Santa: Na lírica camoniana encontramos a poesia pura.

Planeta: A poesia engajada...
Santa: Carlos Drummond de Andrade, considero um poeta engajado.

Planeta: O que é poesia?
Santa: Um gênero literário que se contrapõe à prosa.

Planeta: O que o ICP mais realizou?
Santa: Considero fundamental na obra do Instituto Cultural Português no Rio Grande do Sul a revitalização da língua portuguesa como valor fundamental na formação cultural da comunidade sul-riograndense, destacando-se o elemento humano povoador. Cultura não é literatura, vem do povo, vem dos troncos seculares. Daí o valor da literatura de Érico Veríssimo, não da escrita em si, mas dos valores da terra que ela é capaz de arrancar e mostrar as raízes. Por essa mesma razão eu gosto do nosso poeta, Francisco Pereira Rodrigues.

Planeta: O que o ICP está realizando?
Santa:Temos três frentes diante de nós. Estamos, na verdade, numa encruzilhada. Somos uma instituição brasileira, criada para valorizar a língua portuguesa no Rio Grande do Sul, o valor e a importância da língua e da cultura herdada, estabelecer laços com Portugal do ponto de vista das duas culturas e aproximar as pessoas daqui e de lá, estabelecendo laços de amizade, tendo em conta os valores que nos unem. Temos conseguido ser fieis a essas questões fundamentais. Temos um jornal, uma revista literária e editoramos livros dos autores que nos procuram.

Planeta: Projetos a curto e longo prazo...
Santa: Nossos projetos são sempre a longo prazo. Inicia-se o projeto e realiza-se no decorrer de uma trajetória, que nunca é sozinha, como foi o projeto: Influência Portuguesa na Cultura do Rio Grande do Sul, iniciado em 1987. O último lançado e realizado, na 59ª. Feira do Livro de Porto Alegre: Novas Formas de Integração e Intercâmbio entre Brasil e Portugal, em 9 de novembro de 2013. É a Procurada da inovação nessa caminhada da interrelação. É natural que as inter-relações serão dentro dos nossos campos de interesse. Mas há um chamamento para novos parceiros, que poderão trabalhar noutros campos de interesse.

Planeta: Sobre a Diretoria do ICP...
Santa: Os sócios mais antigos é que têm permanecido na Diretoria. Mas não significa que novos sócios não possam vir a participar. A cada três anos há uma renovação dos elementos da diretoria. Além disso temos vários departamentos que atendem as diferentes frentes de ação do ICP.

Planeta: Quem pode associar-se:
Santa: De preferência, luso-descendentes, mas também estudiosos em geral, e pesquisadores das questões lusófonas, poderão associar-se ou participar de nossos órgãos de imprensa, jornal ou revista. Ou, ainda inscrever-se como membro da comunidade luso-brasileira.

Planeta: Relações com imprensa e mídia, no Brasil e em Portugal... Trabalhar com Antonio Soares no Instituto Cultural Português...
Santa: Como todos sabem, o Instituto Cultural Português foi criado em 1979, por proposta de Antonio Soares (António Filipe Sampaio Neiva Soares) quando Leitor de Cultural Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Essa proposta não foi feita à Universidade, mas à comunidade portuguesa ou luso-brasileira da época, uma vez que Antonio Soares logo se engajou aos grupos existentes em Porto Alegre, como Casa de Portugal, Gabinete Português de Leitura. Passou também  a participar das reuniões do Movimento de Defesa do Patrimônio Histórico de Porto Alegre, liderado por Leandro da Silva Telles, onde surgiu-lhe então a ideia de criar o Instituto Cultural Português, que poderia oferecer cursos de cultura portuguesa, editar obras que possibilitassem a difusão da cultura portuguesa na comunidade em geral, não só na Universidade. Unindo-se ao grupo de defesa do patrimônio, levou sua proposta avante, surgindo, no dia 10 de abril de 1979, o Instituto Cultural Português, em Porto Alegre, tendo na cúpula do Instituto, líderes de outros movimentos literários, como Zeferino Paulo de Freitas Fagundes, Nelson Fachinelli, Frei Rovílio Costa, Leandro Silva Telles. Nessa época eu fazia parte do Departamento de Assuntos Universitários da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do RS e da primeira diretoria do ICP, como Secretária, responsável pelo Boletim CARAVELA, órgão de divulgação da instituição e da Revista Caravela.
Então trabalhar com Antonio Soares sempre significou engajar-se na idealização e realização desse trabalho de divulgação da cultura portuguesa no Rio Grande do Sul.

Planeta:  Os críticos...
Santa: Creio que se refira aos Críticos Literários. Num país imenso como o nosso, muitos teriam de ser os Críticos Literários, mas parece-me não haver a presença da Crítica em nossos meios. São raros os Críticos. Mas existem. Não sei até que ponto os Críticos se preocupam com a produção literária existente em nosso meio. Não se sente na Imprensa a presença de uma Crítica organizada.

Planeta: Brasil, poetas em profusão...
Santa: É verdade. Basta ser brasileiro para ser poeta.

Planeta: A Poesia e sua relação com a música...
Santa: Em Portugal há muitos poemas de poetas antigos e novos, atuais, que são letras de belos fados. Um  bela canção é sempre um belo poema.

Planeta: Preferências poéticas...
Santa: Toda a criação poética bem concebida e criada é digna de ser apreciada.

Planeta:  Gênero mais cultivado, na Literatura...
Santa: Não saberia avaliar, porque há tantas obras criadas, publicadas que eu não teria condições de avaliar.

Planeta:  Sobre o Soneto, na linha do tempo...
Santa: Desde Camões até agora, se percorrermos os poetas na linha do tempo, encontraremos belos sonetos em todos eles, tanto em Portugal como no Brasil.

Planeta: Soneto na atualidade...
Hoje são raros os poetas que usam o soneto entre suas criações poéticas,  muitas vezes não conseguem atingir a perfeição exigida.

Planeta: Considerações sobre a poesia feminina. Idem, masculina. Poesia entre os jovens e adolescentes.
Santa: Não costumo fazer diferença entre poesia feminina e masculina. Geralmente o jovem ou adolescente considerado como poeta, é precoce.

Planeta:  O livro tradicional, de papel, vai desaparecer em função do notebook?
Santa: Eu pessoalmente acredito que não desaparecerá nunca.

Planeta: Vantagens e desvantagens do e-book...  
Santa: Parece-me que a maior vantagem seja a da divulgação da obra, atingindo o leitor com maior facilidade.

Planeta: O poeta que ao mesmo tempo é crítico...
Santa: Acredito  que é mais fácil ser crítico do outro do que de si próprio. Mas todo o estudioso da poesia ou da literatura pode ser um crítico.

Planeta:  A Faculdade de Letras e seu papel na vida literária do poeta, dos demais escritores etc...
Santa: O exemplo de grandes escritores, tanto aqui como em Portugal, vem demonstrando que não é necessário frequentar uma Faculdade de Letras para ser um grande escritor. Curso de Letras é um curso como outro qualquer. O escritor é escritor por vocação, pode exercer qualquer profissão e ser um escritor.

Planeta: As Leis de Incentivo à Cultura e seu aproveitamento...
Santa: Eu trabalhei no Conselho de Cultura do Estado do RS durante 6 anos. E julgo, a partir dessa experiência pessoal, que as leis de Incentivo à Cultura são bem aproveitadas. E o nosso Conselho de Cultura leva muito a sério esse trabalho. Eu aprendi a trabalhar em grupo, de forma disciplinada, através dessa experiência. Ética profissional é outra questão levada a sério, considerada,  em primeiro lugar, naquele trabalho realizado pelos Conselheiros.

Planeta: Sobre este conceito de que ninguém pode viver de poesia, a desvalorização da mesma como profissão aconteceu?
Santa: Não acredito nisso. O escritor, tanto poeta como prosador, necessita de um órgão de imprensa para se promover. Podemos ver no nosso meio, Mário Quintana teve o Correio do Povo, Érico Veríssimo, a Livraria do Globo.  Luiz Fernando Veríssimo, a Zero Hora. Só para citar os mais explicitamente ligados. São vários no nosso meio.
A razão do Instituto Cultural Português ter lutado sempre por ter um órgão de imprensa é exatamente essa. A nossa revista CAOSÓTICA é um exemplo de resistência, está em circulação desde 2005, 10 Anos, sem  pedir ajuda a nenhum Plano de Incentivo à Cultura. O nosso jornal literário RSLetras desde 1989\2014 (25anos).

Planeta: Na visão crítica da poesia purista da essência, Camões seria considerado poeta. cronista ou historiador em versos e alegorias?
Santa: Camões sem dúvida é o maior poeta de todos os tempos. Temos um livro de Antonio Soares “Luis de Camões Antologia” que nos mostra o Camões Lírico e o Épico. Geralmente se conhece o Camões Épico, daí vir a presença do cronista, historiador em versos. As alegorias são criações naturais da época em que o Poeta viveu.

Planeta:  O papel da Literatura e da poesia, como um todo, no mundo atual...
Santa: Na minha maneira de pensar o papel da Literatura e da Poesia dentro da Literatura é o mesmo tanto no passado como no presente.

Planeta: Conselhos ou dicas aos novos escritores...
Santa: Tenho observado que as Oficinas Literárias têm produzido bons resultados entre os interessados em escrever ou a virem a ser escritores. A leitura de bons livros de escritores brasileiros e estrangeiros é sempre benéfica. Escolher a leitura de acordo com o interesse pessoal do leitor, no gênero que mais lhe apetece escrever, poderá sempre ajudar e dar prazer.



666 - O LEGADO DAS LETRAS

# Luciana Carrero


O vivente guardou todas as mágoas
reunidas numa caixa d’água só
De picada estreita fez estradas largas
Compôs um hino em sol fa mi ré dó

que deu num funk de uma nota só
Montou um cavalo em mi fa sol la si
Moeu as dores numa una mó
Pendurou prantos num bemol de rir

Relampejou uma ária de dar dó
Tentou prender todo mundo numa
casa afamada de um droga só

Andou no mundo em francas quixotadas
Partiu suspenso numa corda em nó
Deixou um soneto de rimas quebradas

sem fecho de ouro e num final bocó
que extrapolou dos tais quatorze versos
Foi apropriado pela sua avó

que ganhou prêmio de melhor poesia
diploma ornado em sépia e rococó
do editor picareta que queria

aliciá-la para uma coletânea
E foi mais uma pomba despertada
A falsa poeta se chamava Insânia
"cadeirante" em mais uma vigariada
academia tupi de pó e cia.
dos despoetas dos últimos dias