segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O Andarilho

Luciana Carrero

As pernas do ancião andavam e andavam picadas
Subiam e desciam montanhas e escadarias
Cansavam, às ruas, becos, vielas e calçadas
Buscavam não sei o que em léguas de sesmarias

Por tudo ele passava, dando bom dia a cavalos
E mesmo dormindo continuava a caminhada
Por dentro e por fora de sangas e de valos
Repetindo tudo num sentido vão, sem jornada

Por que caminhava tanto, se não ia aonde ou a nada?
É que ele tinha que chegar a algum lugar nenhum
Para estar de surpresa à frente de uma bruxa-fada

Um dia ele encontrou uma porta e resolveu entrar
Mas foi levado por um vácuo além daquela porta
E no imenso espaço continua a andarilhar