quarta-feira, 21 de setembro de 2016

AFRO-RITO DIVULGA CARTILHA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS PRÁTICAS DAS RELIGIÕES AFRO-UMBANDISTAS  

CADERNO DE ORIENTAÇÃO

Apoiada pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a presente “Cartilha de Orientações” é iniciativa de Representantes de Federações. Visa orientar as Casas de Religião, seus Sacerdotes e seguidores e também tranquilizar o poder público.

Ao evitar divergências com a comunidade leiga em geral, não pretende esgotar o assunto nem impor condições. A colaboração dos nossos Sacerdotes e seguidores religiosos é primordial para o sucesso da iniciativa, contribuindo para a tranquilidade e o respeito a que fazemos jus.

A realização de cultos, oferendas e trabalhos, deve estar em perfeita harmonia com o ambiente natural e as comunidades frequentadoras das áreas verdes, a fim de que haja equilíbrio e sintonia entre todos. Este trabalho visa conciliar o relacionamento entre o sagrado e o profano, evitando aborrecimentos e conflitos.

OS RITUAIS E A PRESERVAÇÃO DA NATUREZA

Material a ser apresentado e usado: Os dirigentes de nossas Casas devem orientar a apresentação e plantação de suas oferendas, despachos, limpezas, etc., com a utilização de materiais orgânicos biodegradáveis, evitando-se o uso de plástico, cera, parafina, tecidos, papel, papelão, vidro, cerâmica, metal e outros elementos de difícil absorção pela Natureza.

 Assim sendo, o hábito praticado por nossos ancestrais, ao “apresentar e plantar”, de colocarem os trabalhos sobre folhas de mamona ou de bananeira, formando uma bandeja natural, parece-nos o ideal para mantermos a proteção à ecologia e não agredirmos o ambiente natural. O grande presente é não poluir a Natureza.

Vamos avançar mais: Vamos apresentar nossos vidros de perfumes, pentes, espelhos, Espadas de São Jorge, ervas, flores e até velas, imagens, e barcos para os Orixás; lavá-los e benzê-los na Natureza e, já devidamente energizados e abençoados, levá-los para nossas Casas, onde as Divindades permanecerão conosco.

Vamos fazer chuveiros de pipoca, grãos e cereais, nas matas e encruzilhadas, e chuveiros de canjica cozida, nas águas doces ou salgadas.

 Agradecendo às Divindades, vamos incentivar “Promessas” através de Oferendas que incluam a apresentação de alimentos e a entrega em instituições que atendem a população mais vulnerável.

Evita-se o desperdício ao deixar às Entidades de nossas Casas um Axé representativo de doces e frutas a ser “plantado”.

Locais Inadequados:

Entre os locais inadequados podemos citar as ruas pavimentadas e calçadas, templos, escolas, creches, estabelecimentos comerciais, industriais e repartições públicas, todos os locais de grande afluência de público e de crianças que venham a se colocar em contato com os trabalhos. A “entrega” de animais sacrificados deve ser banida destes locais e de outros, onde sua presença venha a chocar os leigos ou provocar-lhes temor ou repulsa, gerando vibrações negativas.

Após a sacralização de animais, o que não é consumido pelos seres humanos e animais domésticos, pode e deve ser “plantado” em terra, voltando aos ciclos da Natureza, preceito que é perseguido pela maioria dos religiosos de Matriz Africana.

Os trabalhos colocados em encruzilhadas devem ser em locais de trânsito restrito ou totalmente isolados, colaborando com o meio ambiente e com um maior respeito pela nossa Religião.

Após o falecimento de Sacerdotes e o Aressum, Eressum, Eru ou Axexê, suas facas e ferramentas podem ser lavadas nos rios. “Dar” apenas três coisas da comida que o(a) falecido(a) gostava e fazer todos os Axés aos Orixás, em pouca quantidade.

Recomenda-se que os Sacerdotes e Sacerdotisas, ainda em vida, façam a doação dos Axós que não são mais utilizados, tendo o cuidado de não guardar o que não usam mais.

Também devem prever a destinação dos bens aos filhos e filhas que darão continuidade ao Ilê, como obé, sineta, tambor, agês, pedras, mão de acarajé, ferramentas, alás, etc.

Além de preservar a Natureza, mantém os objetos sagrados na família religiosa.

Uso de velas

As velas devem ser acesas ANTES, nos Congás e Quartos de Santo, evitando queimá-las na Natureza. Jamais devemos colocar velas junto às raízes de árvores e muito menos em seus ocos.

Zelar pelo habitat de nossos Orixás é a melhor homenagem que lhes podemos prestar. Uso de bebidas: Não devemos deixar as bebidas em seus vasilhames, em copos ou taças de vidro ou de plástico, e sim vertê-las ao solo, liberando de imediato seus fluidos, guardando os vasilhames e evitando a embriagues dos moradores de rua.

Nossos antepassados diziam: “Orixás não comem vidro ou plástico”.

Apresentação e levantação:

Dividimos o trabalho em duas partes distintas que devem se revestir de todo o cerimonial , com entoação de pontos e rezas, pois é uma homenagem à Entidade e ao seu Reino na Natureza.

a)    – A Apresentação vibratória das oferendas aos Orixás, Guias e Protetores nos Congás e Quartos de Santo, pelo tempo necessário e aí sim, com as VELAS ACESAS.

b)    – Levantação e entrega com plantação nos Reinos das Entidades na Natureza onde os elementos se incumbirão de absorver os resíduos fluídicos vibratórios.

Após o Ritual, o local permanecerá limpo e não oferecerá riscos à comunidade.

Os Sacerdotes com Orixás em apartamentos devem sacralizar na CASA de pessoas da sua bacia religiosa. Ao encontrar oferendas inadequadas, vamos dar exemplo; “plantar” o orgânico e recolher o inorgânico!

OS RITUAIS E AS MANIFESTAÇÕES SONORAS (HORÁRIOS) 

Para Festas Especiais de qualquer Ritual que exija a vibração dos Tambores em todo o seu curso, as Casas devem solicitar a Licença Especial concedida pelos órgãos federativos e que vem sendo respeitada pelas autoridades policiais, civis e militares da região.

Para total transparência essas autoridades devem ser informadas e convidadas a comparecer e participar das festividades, para evitar constrangimentos maiores.

Para a tranquilidade dos trabalhos e boa relação com vizinhos, devemos antecipar o início dos Toques de Nação, o que não influirá no seu fundamento.

CONCLUSÃO: As áreas verdes, praças, parques, margens de arroios, lagoas e açudes, bem como locais onde há vegetação nativa, devem ser preservados e tratados com o maior respeito e reverência, tanto por aqueles que levam as suas oferendas como pelos que ali têm o seu lazer ou exercem a sua profissão.

Os símbolos das religiões afro-brasileiras e da Umbanda estão fortemente ligados à natureza, água, tempestade, terra, fogo, ar, etc. A realização de cultos, oferendas e trabalhos deve estar em perfeita harmonia com o ambiente natural e as comunidades frequentadoras das áreas verdes, a fim de que haja equilíbrio e sintonia entre todos. 

Entidades e Organizações que colaboraram na formação destes conceitos: AFROBRAS – AFRORITO – ALCULCABCEDRAB – CEUCAB-RS – CONFRURBRAS – FUNDAÇÃO MOAB CALDAS – JORNAL HORA GRANDE – JORNAL GRANDE AXÉ – JORNAL ESTRELA DO ORIENTE AFRO-RITO – FEDERAÇÃO DA RELIGIÃO AFRICANA MENSAGEIROS DE OXALÁ, LIDERADA PELO BABALORIXÁ HERCULANO DE OXALÁ