AFRO-RITO DIVULGA CARTILHA
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
AS PRÁTICAS DAS RELIGIÕES AFRO-UMBANDISTAS
CADERNO DE ORIENTAÇÃO
Apoiada pela Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, a presente “Cartilha de Orientações” é iniciativa
de Representantes de Federações. Visa orientar as Casas de Religião, seus
Sacerdotes e seguidores e também tranquilizar o poder público.
Ao evitar divergências
com a comunidade leiga em geral, não pretende esgotar o assunto nem impor
condições. A colaboração dos nossos Sacerdotes e seguidores religiosos é
primordial para o sucesso da iniciativa, contribuindo para a tranquilidade e o
respeito a que fazemos jus.
A realização de cultos,
oferendas e trabalhos, deve estar em perfeita harmonia com o ambiente natural e
as comunidades frequentadoras das áreas verdes, a fim de que haja equilíbrio e
sintonia entre todos. Este trabalho visa conciliar o relacionamento entre o
sagrado e o profano, evitando aborrecimentos e conflitos.
OS RITUAIS E A
PRESERVAÇÃO DA NATUREZA
Material a ser
apresentado e usado: Os dirigentes de nossas Casas devem orientar a
apresentação e plantação de suas oferendas, despachos, limpezas, etc., com a
utilização de materiais orgânicos biodegradáveis, evitando-se o uso de
plástico, cera, parafina, tecidos, papel, papelão, vidro, cerâmica, metal e
outros elementos de difícil absorção pela Natureza.
Assim sendo, o hábito praticado por nossos
ancestrais, ao “apresentar e plantar”, de colocarem os trabalhos sobre folhas
de mamona ou de bananeira, formando uma bandeja natural, parece-nos o ideal
para mantermos a proteção à ecologia e não agredirmos o ambiente natural. O
grande presente é não poluir a Natureza.
Vamos avançar mais: Vamos
apresentar nossos vidros de perfumes, pentes, espelhos, Espadas de São Jorge,
ervas, flores e até velas, imagens, e barcos para os Orixás; lavá-los e
benzê-los na Natureza e, já devidamente energizados e abençoados, levá-los para
nossas Casas, onde as Divindades permanecerão conosco.
Vamos fazer chuveiros de
pipoca, grãos e cereais, nas matas e encruzilhadas, e chuveiros de canjica
cozida, nas águas doces ou salgadas.
Agradecendo às Divindades, vamos incentivar
“Promessas” através de Oferendas que incluam a apresentação de alimentos e a
entrega em instituições que atendem a população mais vulnerável.
Evita-se o desperdício
ao deixar às Entidades de nossas Casas um Axé representativo de doces e frutas
a ser “plantado”.
Locais Inadequados:
Entre os locais
inadequados podemos citar as ruas pavimentadas e calçadas, templos, escolas,
creches, estabelecimentos comerciais, industriais e repartições públicas, todos
os locais de grande afluência de público e de crianças que venham a se colocar
em contato com os trabalhos. A “entrega” de animais sacrificados deve ser
banida destes locais e de outros, onde sua presença venha a chocar os leigos ou
provocar-lhes temor ou repulsa, gerando vibrações negativas.
Após a sacralização de
animais, o que não é consumido pelos seres humanos e animais domésticos, pode e
deve ser “plantado” em terra, voltando aos ciclos da Natureza, preceito que é
perseguido pela maioria dos religiosos de Matriz Africana.
Os trabalhos colocados
em encruzilhadas devem ser em locais de trânsito restrito ou totalmente
isolados, colaborando com o meio ambiente e com um maior respeito pela nossa
Religião.
Após o falecimento de
Sacerdotes e o Aressum, Eressum, Eru ou Axexê, suas facas e ferramentas podem
ser lavadas nos rios. “Dar” apenas três coisas da comida que o(a) falecido(a)
gostava e fazer todos os Axés aos Orixás, em pouca quantidade.
Recomenda-se que os
Sacerdotes e Sacerdotisas, ainda em vida, façam a doação dos Axós que não são
mais utilizados, tendo o cuidado de não guardar o que não usam mais.
Também devem prever a
destinação dos bens aos filhos e filhas que darão continuidade ao Ilê, como
obé, sineta, tambor, agês, pedras, mão de acarajé, ferramentas, alás, etc.
Além de preservar a
Natureza, mantém os objetos sagrados na família religiosa.
Uso de velas
As velas devem ser
acesas ANTES, nos Congás e Quartos de Santo, evitando queimá-las na Natureza.
Jamais devemos colocar velas junto às raízes de árvores e muito menos em seus
ocos.
Zelar pelo habitat de
nossos Orixás é a melhor homenagem que lhes podemos prestar. Uso de bebidas: Não
devemos deixar as bebidas em seus vasilhames, em copos ou taças de vidro ou de
plástico, e sim vertê-las ao solo, liberando de imediato seus fluidos,
guardando os vasilhames e evitando a embriagues dos moradores de rua.
Nossos antepassados
diziam: “Orixás não comem vidro ou plástico”.
Apresentação e levantação:
Dividimos o trabalho em
duas partes distintas que devem se revestir de todo o cerimonial , com entoação
de pontos e rezas, pois é uma homenagem à Entidade e ao seu Reino na Natureza.
a) – A Apresentação vibratória das oferendas
aos Orixás, Guias e Protetores nos Congás e Quartos de Santo, pelo tempo
necessário e aí sim, com as VELAS ACESAS.
b) – Levantação e entrega com plantação nos
Reinos das Entidades na Natureza onde os elementos se incumbirão de absorver os
resíduos fluídicos vibratórios.
Após o Ritual, o local
permanecerá limpo e não oferecerá riscos à comunidade.
Os Sacerdotes com Orixás
em apartamentos devem sacralizar na CASA de pessoas da sua bacia religiosa. Ao
encontrar oferendas inadequadas, vamos dar exemplo; “plantar” o orgânico e
recolher o inorgânico!
OS RITUAIS E AS
MANIFESTAÇÕES SONORAS (HORÁRIOS)
Para Festas Especiais de qualquer Ritual que
exija a vibração dos Tambores em todo o seu curso, as Casas devem solicitar a
Licença Especial concedida pelos órgãos federativos e que vem sendo respeitada
pelas autoridades policiais, civis e militares da região.
Para total transparência
essas autoridades devem ser informadas e convidadas a comparecer e participar
das festividades, para evitar constrangimentos maiores.
Para a tranquilidade dos
trabalhos e boa relação com vizinhos, devemos antecipar o início dos Toques de
Nação, o que não influirá no seu fundamento.
CONCLUSÃO: As áreas
verdes, praças, parques, margens de arroios, lagoas e açudes, bem como locais
onde há vegetação nativa, devem ser preservados e tratados com o maior respeito
e reverência, tanto por aqueles que levam as suas oferendas como pelos que ali
têm o seu lazer ou exercem a sua profissão.
Os símbolos das
religiões afro-brasileiras e da Umbanda estão fortemente ligados à natureza,
água, tempestade, terra, fogo, ar, etc. A realização de cultos, oferendas e
trabalhos deve estar em perfeita harmonia com o ambiente natural e as
comunidades frequentadoras das áreas verdes, a fim de que haja equilíbrio e
sintonia entre todos.
Entidades e Organizações que colaboraram na formação
destes conceitos: AFROBRAS – AFRORITO – ALCULCABCEDRAB – CEUCAB-RS –
CONFRURBRAS – FUNDAÇÃO MOAB CALDAS – JORNAL HORA GRANDE – JORNAL GRANDE AXÉ –
JORNAL ESTRELA DO ORIENTE AFRO-RITO – FEDERAÇÃO DA RELIGIÃO AFRICANA
MENSAGEIROS DE OXALÁ, LIDERADA PELO BABALORIXÁ HERCULANO DE OXALÁ